Como Diagnosticar a Neurite Óptica

 

  1. 1.      Conceito

Neurite óptica é uma doença inflamatória do nervo óptico que se manifesta, mais frequentemente, por quadro clínico distinto das outras neuropatias ópticas. Portanto, o termo  “neurite óptica” deve ser apenas usado para denominar os processos inflamatórios que envolvem os nervos ópticos. As neuropatias ópticas de outra natureza como as anomalias congênitas do disco óptico, as neuropatias hereditárias, isquêmicas, metabólicas, tóxicas e nutricionais, assim como as doenças infiltrativas e as neoplasias do nervo óptico, devem ser diferenciadas das doenças inflamatórias que envolvem os nervos ópticos, devendo receber denominação específica relacionada à sua natureza etiopatogênica.

 

  1. 2.      Causas

As causas das neurites ópticas são muito variadas. A causa mais frequente é imunomediada,como ocorre na esclerose múltipla e outras doenças de natureza autoimmune como na doença associada à proteina do oligodendrócito da mielina (MOGAD), na neuromielite óptica (NMO), em doenças autoimunes sistêmicas, como reação a uma doença infecciosa, a vacinas, ou mesmo a câncer de outros órgãos. Outra importante causa de neurite óptica é infecção direta dos nervos ópticos por bactérias (tuberculose, sífilis, etc) fungos (blastomicose, paracocos, etc) e virus (herpes, HIV, HTLV, SARS-CoV 2, etc).

 

  1. 3.      Quadro Clínico

O quadro clínico se caracteriza por dor ocular, retroocular ou cefaléia frontal, frequentemente precedendo a alteração visual por alguns dias, mas podendo ser concomitante ou, mais raramente, surgir após o início da baixa visual. A principal característica da dor ocular é sua associação com o movimento dos olhos. A perda visual é caracterizada por embaçamento da visão, alterações do campo visual – mais comumente escotoma central – e dminuição da percepção cromática. O exame fundoscópico, na fase aguda da doença, é mais comumente normal nos casos de neurites ópticas desmieliniantes, devido à sua localização retrobulbar. Na fase crônica, o exame vai demonstrar palidez do disco óptico. O exame neuro-oftalmológico vai ainda revelar o defeito pupilar aferente relativo.

Nas neurites ópticas isoladas o restante do exame neuro-oftalmológico e o exame neurológico não revelam outras anormalidades, enquanto nas neurites ópticas desmielinizantes que ocorrem em associação à esclerose múltipla, neuromielite óptica, doença associada a MOG (MOGAD), sintomas e sinais de envolvimento de outras áreas do encéfalo e da medula espinal são encontrados.

 

  1. 4.      Exames Complementares

Exames complementares são importantes no diagnóstico das neurites ópticas e na

determinação de sua etiologia.

Os exames de sangue incluem serologia e pesquisa de doenças infecciosas, pesquisa sérica de autoanticorpos sistêmicos e específicos, e propedêutica para doenças granulomatosas.

O exame do líquido cérebro-raquidiano  pode diferenciar a neurite óptica desmieliniante  das neurites infecciosas. O exame é útil também para diferenciar a neurite óptica  desmielinizante idiopática ou assiciada a esclerose múltipla das neurites ópticas  associadas a autoanticorpos específicos como na neuromielite optica e na MOGAD.

O exame de imagem por ressonância mgnética pode demonstrar hipersinal no nervo óptico, isoladamente ou em associação a focos de hipersinal na substância branca cerebral.

Lesões longas no nervo óptico são raras nas neurite ópticas idiopáticas ou associadas a escleros e mútipla e comuns nas neurites ópticas da neuromielite óptica e da MOGAD.

            A tomografia de coerência óptica (OCT) é de grande valor na diferenciação dos tipos de neurite óptica, através da análise do complexo camada de células ganglionares – camada plexiforme interna na região macular, assim como da espessura da camada de fibras nervosas da retina peripapilar.

 

  1. 5.      Importância do Diagnóstico Precoce

O correto diagnóstico da neurite óptica e estabelecimento de sua causa propiciam o tratamento mais adequado da fase aguda da neurite - acelerando a recuperação visual - e o início do tratamento profilático de doença, reduzindo o risco de recorrência da neurite óptica e de desenvolvimento de lesões em outras partes do sistema nervoso.